Os calendários dos Maias não preveem o fim do mundo, por Rui Curado Silva (LIP-Coimbra)

Os calendários dos Maias não preveem o fim do mundo

 

Ao longo da sua história os Maias utilizaram diferentes calendários: o Tzolkin, o Haab, o Calendário Cíclico e o Calendário de Contagem Longa. O Tzolkin é um calendário de 260 dias correspondente ao período de tempo, após o solstício de inverno, entre duas passagens do Sol pelo zénite ao meio-dia à latitude onde viviam os maias. O Haab era um calendário de 365 dias, equivalente ao nosso ano do Calendário Gregoriano. O Calendário Cíclico tinha uma duração de 52 anos, que corresponde à periodicidade com que coincidem o Tzolkin e o Haab. O Calendário de Contagem Longa foi utilizado entre os anos 300 a.C. e 600 d.C.. A estrutura deste calendário era a seguinte:

1 dia = 1 k'in
20 k'ins = 1 uinal
18 uinals = 360 dias = 1 tun
20 tuns = 1 katun (7200 dias)
20 katuns = 1 baktun (144000 dias)

 

O mito do fim do mundo baseia-se num suposto fim do 13° baktun a 21 de dezembro de 2012. No entanto, os investigadores especialistas nos calendários dos Maias não encontraram qualquer documento que indicasse o fim dos tempos num qualquer instante dos seus diferentes calendários. Pelo contrário, há registos maias onde se invocam épocas futuras – de hoje a 4 mil anos, a 7 mil anos e até a 1028 anos – referindo-se nalgumas destas previsões que o mundo permaneceria imutável. Apenas no caso do calendário Calendário Cíclico foram detetadas referências negativas, associando-se o fim de um ciclo a um período de má sorte, mas ainda assim essa superstição está muito longe de cenários de fim dos tempos. 

 

Convém sublinhar que a maioria dos investigadores dos calendários dos Maias não chegou a um consenso sobre o final do mais recente baktun. Alguns defendem a tese de que o final já ocorreu no passado, outros consideram que ocorrerá dentro de algumas décadas. Além do mais, não há qualquer razão para o calendário gregoriano concorde com um dos calendários dos Maias em datas específicas, como é o caso de um solstício. Especialmente, tendo em conta que o próprio Calendário Gregoriano é o resultado de uma correção do Calendário Juliano quando em 1582 o Papa Gregório XIII suprimiu dez dias entre 5 e 14 de outubro. 

 

Para saber mais visite: http://www.facebook.com/20121221Maya

 

Rui Curado Silva
LIP - Coimbra