Chegou o caçador de exoplanetas da próxima geração

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Primeiro espectro não tratado obtido pelo ESPRESSO: a estrela Tau Ceti. Crédito: Nuno Santos

 

O ESPRESSO (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations ou espectrógrafo echelle para observações de planetas rochosos e espectroscopia de alta estabilidade), instalado no VLT do Observatório Europeu do Sul (ESO), já teve “primeira luz” . O coudé train do ESPRESSO, uma das componentes chave do instrumento, foi construído em Portugal pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), Universidades do Porto e de Lisboa.

Segundo Alexandre Cabral (IA e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), “Este momento é o culminar de quase dez anos de planeamento, desenho, construção e teste de um instrumento, para o qual Portugal contribui com uma parte fundamental, o sistema óptico coudé train. Este sistema irá permitir ao espectrógrafo observar com os quatro telescópios ao mesmo tempo, algo nunca antes realizado, sendo equivalente a ter um telescópio ótico com uma abertura de 16 m de diâmetro, ou seja, o maior do mundo.”

O ESPRESSO tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida, assim como testar a estabilidade das constantes fundamentais do Universo. Para tal, irá medir velocidades radiais, sendo capaz de detetar variações nestas velocidades de cerca de 0,3 km/h, ou seja, a velocidade de uma tartaruga a andar.

De acordo com Nuno Cardoso Santos (IA e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto), um dos investigadores principais do instrumento: “Começa agora uma nova fase, em que vamos testar em detalhe o instrumento e otimizá-lo, para que em meados de 2018 seja possível começar a fase de exploração científica. As mais de 270 noites que nos foram atribuídas para usar o ESPRESSO no VLT vão-nos permitir liderar um grande número de novas descobertas nas áreas científicas em que o consórcio está mais envolvido, com um foco muito especial no estudo de outros planetas e da variabilidade das constantes fundamentais da física.”

O ESPRESSO é o sucessor de um dos mais bem-sucedidos instrumentos caçadores de planetas até hoje, o HARPS, instalado no observatório de La Silla do ESO, que deteta variações de velocidade a rondar os 3,5 km/h. As observações de teste do ESPRESSO incluíram estrelas e sistemas planetários conhecidos e comparando com dados do HARPS, mostraram que o ESPRESSO, com tempos de exposição muito menores, consegue obter dados de qualidade semelhante.

O Consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como membros do Observatório Europeu do Sul. Os parceiros portugueses são o IA (Universidade do Porto e Universidade de Lisboa) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A participação nacional no ESPRESSO foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).