Super Terra é excelente candidata para a procura de sinais de vida

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Imagem artística do exoplaneta LHS 1140b, com a sua estrela mãe, uma anã vermelha, ao fundo. Crédito: ESO/spaceengine.org

Num estudo publicado hoje na revista Nature, uma equipa internacional de investigadores, da qual faz parte Nuno Cardoso Santos do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), descobriu uma super Terra a transitar a estrela LHS 1140, a menos de 40 anos-luz de distância.

O recém-descoberto exoplaneta LHS 1140b foi detetado pelo observatório MEarth através do método dos trânsitos, que permitiu calcular o diâmetro deste planeta. A descoberta foi depois confirmada pelo espectrógrafo HARPS (ESO), que através de observações com o método das velocidades radiais permitiu a determinação da sua massa e período orbital. Com dados da massa e do diâmetro, a equipa calculou a densidade do planeta, determinando que este será uma super Terra.

Para Nuno Cardoso Santos (IA & Universidade do Porto): “Já em 2018, instrumentos como o ESPRESSO e o CHEOPS, nos quais a equipa do IA está profundamente envolvida, vão certamente permitir descobrir mais planetas como este. Esta descoberta mostra que estamos no bom caminho, e que as apostas feitas são as corretas.”

As observações do HARPS permitiram ainda determinar que o LHS 1140b orbita a sua estrela 10 vezes mais próximo que a Terra orbita o Sol, completando uma órbita a cada 25 dias. Mas como a estrela é uma anã vermelha, mais fria e pequena do que o Sol, o planeta recebe cerca de metade da energia que a Terra recebe da nossa estrela. Por isso, a sua temperatura será provavelmente, suficientemente alta para que possa existir água líquida.

Este planeta parece ser um excelente candidato a futuros estudos para procurar sinais de vida. Embora atualmente a estrela rode mais lentamente e emita menos radiação de alta energia que outras estrelas de pequena massa, no início da sua vida seria uma estrela bem mais ativa, emitindo radiação capaz de destruir a água existente na atmosfera do planeta. Esse processo poderia levar a um efeito de estufa descontrolado semelhante ao que observamos em Vénus.

No entanto, o diâmetro do planeta indica que um escaldante oceano de magma pode ter existido à superfície durante milhões de anos, libertando vapor de água para a atmosfera durante tempo suficiente para continuar a abastecer a atmosfera com água. Essa água pode então ter passado ao estado líquido depois do planeta arrefecer, tornando-o potencialmente habitável.

A equipa estima que o LHS 1140b terá pelo menos 5 mil milhões de anos, um diâmetro de quase 18 mil quilómetros (cerca de 1,4 vezes maior que o da Terra), mas terá uma massa 6,6 vezes maior do que da Terra. A sua densidade é por isso também superior à da Terra, o que sugere que este seja rochoso, com um denso núcleo de Ferro.

A equipa irá realizar em breve observações com o Telescópio Espacial Hubble, para determinar com precisão a quantidade de radiação que atinge o LHS 1140b, o que irá definir com maior exatidão os limites de habitabilidade do planeta.

Este planeta será um alvo ideal para observações detalhadas das atmosferas de exoplanetas, a serem realizadas pela próxima geração de telescópios, como o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em 2018, ou com os telescópios terrestres gigantes, como o E-ELT (ESO), a partir de 2024.

Mais informações no comunicado de imprensa do IA.